18 de dez. de 2009

Oranian
(Òrànmíyán) -“Rei de Ifé”

ORIXÁ DAS PROFUNDEZAS DA TERRA - O MITO
Entre os muitos filhos de Odudua, o Rei fundador de Ifé, Ogum era o mais velho, mais forte, mais guerreiro e inteligente de todos. O maior sonho de Ogum era subir ao trono e transformar o povo de sua nação na maior do mundo. Certo dia, uma desgraça se abateu sobre o Rei Odudua. Ele havia ficado cego e depois de muitas consultas ao babalaô real, foi dito ao Rei, que voltaria a enxergar sim, mas demoraria muito. O Rei Odudua então resolveu que Ogum ficaria regente do trono enquanto aguardava seu restabelecimanto. Ogum só fazia o que o pai ordenasse, mas um dia reuniu seus ministros e partiu para a guerra sem que Odudua soubesse. Tempos depois voltou vitorioso e trouxe muitos escravos. No meio desses escravos, havia uma bela jovem de cabelos trançados e olhos rasgados de nome Lakanjê, Ogum apaixonou-se por ela, mas não poderia se casar, porque era um príncipe e ela  uma escrava. Então Ogum passou a viver em segredo com Lakanjê. O tempo foi passando e um certo dia, para a surpresa de todos, a visão do Rei voltou. Com tanta alegria, o Rei deu uma festa e convidou todo o mundo. Lakanjê também foi, mas quando Odudua a viu, ficou apaixonado por ela e casou com a moça, deixando Ogum muito infeliz, pois não podia contar o seu segredo ao pai. Depois do casamento, Lakanjê teve um filho, mas, para a surpresa de todos, a criança tinha o corpo dividido em duas cores da cabeça aos pés. A parte bem escura, era da cor de Ogum e mulato claro era a cor de Odudua. Por isso Oranian passou a ser considerado filho de dois pais. Quando Odudua soube, ficou muito zangado. Após algum tempo, Odudua acabou perdoando e anos mais tarde, veio a falecer, deixando seu trono para Ogum. Oranian cresceu e tornou-se um belo jovem, forte e inteligente, que adorava caçar, fazer armadilhas e sondar os animais das florestas. Tinha como seu maior sonho, fundar sua própria nação, ter o próprio povo e seu palácio. Com a ajuda de alguns amigos, começou a conquistar pequenas aldeias...Só que em vez de fazer mal aos vencidos, os tratava bem e conquistou muitos aliados, formando assim o Reino de Oyó.

1 de dez. de 2009


Iá mi oxorongá
“As Mães Ancestrais”

 AS MAIORES FEITICEIRAS
As Iá Mi Oxorongá são as nossas primeiras mães, as raízes primordiais da humanidade. São velhas-feiticeiras e mães ancestrais, não são Orixás. São o princípio de tudo, do bem e do mal, da vida e da morte ao mesmo tempo. São as temidas AJÉS  (feiticeiras), mulheres impiedosas, tendo o poder de se transformar em pássaros. Esse poder da ancestralidade coletiva  feminina é cultuado e manipulado pelas SOCIEDADES GELÈDÉ, compostas somente por mulheres. Na Nigéria, quando há festivais em louvor ao poder feminino ancestral, os homens, por temor à ira de Ia Mi,  se vestem de mulher, usando máscaras com características femininas e dançam para acalmar as Mães feiticeiras  mantendo a harmonia entre o poder masculino e feminino. As Iá Mi Oxorongá já viveram tudo o que se tem para viver e conhecem as fórmulas de manipulação da vida. O poder de seu feitiço é grande e terrível, tão destruidor quanto  é construtor e positivo o AXÉ, que é a força poderosa e benfazeja dos Orixás. Seus domínios são os lugares abertos, as encruzilhadas, os caminhos e as ruas. O culto às Iá Mi no Brasil está restrito a alguns terreiros mais antigos, cantando-se para elas no rito de Padê e outros terreiros africanizados. A idéia de feitiço deixou de ter, junto ao povo-de-santo, as interdições morais existentes na África, enfraquecendo o culto das temidas feiticeiras.

17 de out. de 2009


Os Odus
O caminho da Vida"


Os Odus significam o destino ou presságios da humanidade, compostos por 16 caminhos possíveis. É a própria inteligência cósmica que participa da criação do Universo. Esses Odus vão traçar situações, objetivos, defeitos e virtudes. De certa forma nos da um corpo aos adjetivos como: o bom, o mau, o fraco, o forte, o belo o feio, o alegre, o triste e assim por diante, influenciando em tudo que possui vida. Para cada Odu existe uma definição, e são contados cada caminho contido neles, possuindo um ou mais Orixás. Através da numerologia por data de nascimento saberemos os Odus que o indivíduo carrega, influenciando de forma positiva e negativa na vida do indivíduo. É como se um circulo existisse em volta da pessoa regendo sua vida.




A ordem dos Odus - Os caminhos
1 - OKARAN - representado por EXU - contém 5 caminhos ( a insubordinação)
2 - EJIOKOMEJI - representado por IBEJI E OGUM - contém 4 caminhos ( a dúvida)
3 - ETAOGUNDÁ - representado por OGUM E OBALUAÊ - contém 5 caminhos ( a obstinação)
4 - IOROSSUM - representado por IEMANJÁ - contém 6 caminhos ( a calma)
5 - OXÊ - representado por OXUM - contém 5 caminhos ( o brilho)
6 - OBARÁ - representado por OXÓSSI, XANGÔ E LOGUM-EDÉ - contém 4 caminhos ( a riqueza)
7 - ODI - representado por EXU, OXAGUIÃ E OMULU - contém 5 caminhos ( a violência)
8 - EJIONILÊ - representado por OXAGUIÃ - contém 8 caminhos ( a intranquilidade)
9 - OSSÁ - representado por IANSÃ E IEMANJÁ - contém 5 caminhos ( a alienação)
10 - OFUM - representado por OXALUFÃ - contém 4 caminhos ( a doença)
11 - OWARIM - representado por EXU, IANSÂ - contém 5 caminhos ( a pressa)
12 - EJILAXEBORÁ - representado por XANGÔ - contém 5 caminhos ( a justiça)
13 - EJIOLOGBAN - representado por NANÃ BURUKU - contém 5 caminhos ( a meditação)
14 - IKÁ - representado por OXUMARÉ E OSSÃE - contém 5 caminhos ( a sabedoria)
15 - OBEOGUNDÁ - representado por EWÁ, OBÁ, OXUMARÉ E OMULU - este Odu contém Egum (os mortos) que deve ser despachado ( o discernimento)
16 - ALAFIA - representado por ORIXALÁ, ODUDUÁ E ORIXÁS FUNFUN - contém todos os caminhos e todos falam ( a paz). 

Segue um exemplo ao lado indicando que o indivíduo carrega o Odu 7 (Odi) na cabeça, o Odu 3 (Etaogundá) nos pés, o Odu 10 (Ofun) no lado esquerdo, o Odu 1 (Okaran) do lado direito e o Odu 3 (Etaogundá) no dia-a-dia. Todos os Odus agem simultaneamente na vida do indivíduo. Lendo as características de cada um desses Odus você poderá traçar um perfil deste indivíduo. Entretanto Orixá de cabeça, só será revelado pelo jogo de Búzios. Não é através da data de nascimento que saberemos a essência primitiva que habita dentro de nós, formando assim a personalidade humana. Os Odus apenas completam esse conjunto de forças e ajudam a formar o nosso destino. AXÉ.

20 de set. de 2009

A Identificação
Do
"Sagrado"

O FIO-DE-CONTAS
É um símbolo social e religioso que marca um compromisso cultural entre o homem e o ORIXÁ. É um objecto cotidiano do indivíduo que intensifica o elo sagrado com a divindade, situando na sociedade do terreiro ( casa de culto), proporcionando papéis sociais, rituais de passagem e também o tipo de Nação a que pertence, ora por cor e materiais originais. Sua confecção é feita de vários materiais enfiados em palha-da-costa, cordo-nê  com alternâncias de cores e quantidades das contas, geralmente cilíndricas, incolor, bicolor, tricolor ou de outros formatos, firmas, corais, dentes de animais e com metais. Em especial o Coral Africano de valor hierárquico, em síntese simboliza um pedaço da África no fio-de- contas.


A LAVAGEM E PURIFICAÇÃO

O processo é feito de forma cerimonial e individual, após a identificação do Santo, as contas devem ficar imersas em uma bacia branca de Ágata nova com água; em seguida lança a mão de folhas consagradas ao santo e tritura-se entre as mãos; feito isso procede à lavagem das contas com sabão da costa. O fio-de-contas deve ser conservado numa vasilha de barro e o sagrado deve frequentemente ser renovado. Fios-de-contas especialmente confeccionados ou de uso corporal, circundam o jogo de Búzios, evidenciando processos dinâmicos a partir de um modelo sacralizado que é o OPELÊ-IFÁ, nesse caso, são representações dos Orixás patronos de quem joga, da Nação ou especialmente para o ritual dos Búzios.

Axé do Orixá

25 de ago. de 2009


Os Orixás
“As Forças da Natureza”


Divindades que apresentam características humanas e são a própria encarnação das forças da natureza. Caprichosas, amam, odeiam, beneficiam, curam e castiga de acordo com sua natureza, assim como nós. Conhecê-las é de suma importância para o nosso auto-conhecimento. Não se sabe ao certo o número exato de Orixás existentes, mas calcula-se aproximadamente um total de 400 Deuses em várias cidades ou tribos. Depois do tráfico dos negros, foram reduzidos à 50 Deuses e desses tirou-se os 16, que tiveram mais forças e foram os mais invocados. São eles hoje que se conhece no Candomblé: EXU, OXALÁ, OXAGUIÃ, OGUM, OXÓSSI, LOGUM-EDÉ, XANGÔ, OBALUAÊ, OSSÃE, OXUMARÉ, IEMANJÁ, IANSÃ, OXUM, NANÃ, EWÁ, OBÁ E IBEJI. Esses são os mais conhecidos no Brasil, mas existem alguns Orixás raros e pouco cultuados como por exemplo: IROCO, ORANIAN e outros. Na verdade esses Deuses são a nossa própria essência primitiva que se agita dentro de nós, por isso a manipulação dessa força de forma positiva e controlada, nos leva a própria reforma íntima. Esta é a magia dos Orixás.

A tradição negra conserva por transmissão oral toda a sabedoria ancestral. Um dos primeiros registros escritos que foram encontrados, são incompletos e superficiais por tradição do próprio culto ao Orixás. Nem tudo sobre os fundamentos religiosos devem ser revelados.
Os Orixás e a ASTROLOGIA: eles governam um ou mais signos. Isso significa que todos nós temos um Orixá que nos guia e influencia em nossas características físicas e psíquicas. Tanto os Orixás , quanto os signos zodiacais são arquétipos, ou seja, valores, idéias e instintos que estão presentes no inconsciente dos seres humanos, formando assim a nossa personalidade. Com as influências dos signos e dos Orixás, podemos ter a certeza que viemos ao mundo com as ferramentas necessárias para compreender e cumprirmos a nossa missão reservada na passagem pelo planeta. Com certeza estamos diante de um panteão de Deuses altamente eficientes que contribui na evolução da humanidade. Muito AXÈ.



XIRÊ DOS ORIXÁS
BRILHANTE NARRATIVA DOS DEUSES



 PIERRE VERGER - O BABALAÔ
Um dos maiores pesquisadores e divulgador da cultura Africana no Brasil, fotógrafo e etnólogo Frances, que adotou o candomblé como religião e o Brasil como sua pátria, tendo se iniciado babalaô na África. Então passou a se chamar Pierre Fatumbi Verger. Em geral sua obra traz as maiores riquezas da mitologia colhidas na África. Muitos mitos apresentados por ele foram registrados no Brasil e outros em Cuba.
Definição de Verger sobre o Candomblé:
"O Candomblé é para mim muito interessante por ser uma religião de exaltação à personalidade das pessoas. Onde se pode ser verdadeiramente como se é, e não o que a sociedade pretende que o cidadão seja. Para pessoas que têm algo a expressar através do inconsciente, o transe é a possibilidade do inconsciente se mostrar".
OS ORIXÁS
Para algumas pessoas,  os Orixás ainda sofrem um grande preconceito. Quando se fala em jogo de Búzios, muitos se retraem, por temor de ter que desembolsar uma grande quantia em dinheiro para um Ebó ou feitura de Santo. É claro que em alguns casos, isso se faz necessário, mas não devemos generalizar. Nem todo mundo precisa passar pelos preceitos para encontrar o caminho da prosperidade, saúde e amor. As divindades africanas, são evoluídas o suficiente para compreender o livre- arbítrio de seu filho, principalmente, quando este pertence a uma outra religião. Também quero citar, que existem alguns irmãos equivocados, se dizendo zeladores de Santo e tirando proveito próprio através dos Deuses, para enganar e manchar a imagem dos verdadeiros sacerdotes do Culto  aos  Orixás.
 UMA AUTÊNTICA CASA DE ORIXÁS NA ÁFRICA
AS 16 IAÔS AFRICANAS 
É O NOME DADO AOS INICIADOS ANTES DE SETE ANOS DA FEITURA DO SANTO